top of page

Transmutação

  • Foto do escritor: Vera Purcina
    Vera Purcina
  • 13 de dez. de 2020
  • 1 min de leitura

ree

Era uma vez uma folha

Que desprendeu-se da sua árvore

Foi carregada pelo vento

Tonta, a coitada nem via

O seu redor

Estava cega, surda, atônita

Descompensada

Pensou em voltar ao seu tronco

Ficar novamente agarrada

Apoiada onde estava acostumada

Mas não gostava

Lembrou de repente

Sentia-se presa, imobilizada

Queria é voar

Pelo céu azul infinito

Mas, agora, solta

Sentiu um arrepio

Titubeou, arrependeu

Estava só

Enxergou a falta das outras folhas

Parceiras, companheiras de anos

Com lugares marcados nos galhos

Será que ao desejar viver

Morreria

Seria sua sina morrer sózinha

Presa no galho ou solta no ar

Morreria

Percebeu

Se não transmudasse

Se não contactasse

Com seus limtes

Se não se localizasse

Encontrasse sua capacidade

Potência, leveza

Se não sentisse o ar

Respirasse, se deixasse levar

Pelo menos por um segundo

Não viveria o que tanto queria

E antes de morrer

Morreria.

Vera Purcina


É difícil desgarrar de tudo que lhe é familiar, ganhar autonomia, crescer, encontrar seu lugar no mundo. Mas a gente consegue, sim! Não desista!

Se necessário, faça psicoterapia.

Comentários


bottom of page