O Velocípede azul
- Vera Purcina
- 13 de dez. de 2022
- 2 min de leitura

Dias atrás, eu comprei um quadro da árvore da vida! Tão bonita e colorida! Do tamanho exato para ficar na parede do meu quarto! Todas as manhãs, quando acordo, eu a vejo absurdamente abundante, escancarada na minha frente. Ela me lembra que devo iniciar o meu dia. Nutrir-me de afeto e perdão. Jogar fora tudo o que me distancia do outro e me traga o gosto amargo da incompreensão.
Acho incrível como os aprendizados da infância marcam a vida toda. Lembro-me que a primeira vez que reparei em uma árvore cheinha de bolas coloridas, tinha uns 4 anos de idade. E vi, também, ao seu lado, o presépio que minha mãe montara cuidadosamente com pecinhas de biscui. Era Natal! O clima era festivo e acho que foi naquele fim de ano que aprendi a me guiar pela ilusão e a buscar a utopia.
Em contraposição, ouvi meu pai dizer que muitas pessoas não comemoram o natal ou não gostam dessa época e não lhes cabe o mesmo prazer da magia natalina. Foi quando percebi a existência da diversidade e que cada pessoa tem o seu jeito especial de ser.
Mas, eu quis acreditar no Papai Noel e que ele deixaria o meu presente debaixo da árvore. E lhe pedi fervorosamente e ganhei, meu velocipede lindo! Azul! Eu estava cheia de expectativa, porque eu só o ganharia se tivesse sido uma boa menina durante o ano inteiro. E eu, insegura, não sabia se tinha sido... Só fui saber, ao acordar! Feliz, logo sai pedalando pela casa ao mesmo tempo em que, hoje percebo, nascia a minha esperança no porvir, a motivação para ser virtuosa, a possibilidade de desejar e realizar a minha escolha, a gratidão e o impulso para seguir em frente.
Meus pais, sem nem imaginar, me mostravam a simbologia do Natal, que carrego até hoje. O constante aperfeiçoamento em direção aos frutos da árvore da vida, como o amor, a justiça e a caridade. Estes sentimentos pertencentes aos homens de coração puro, imbuidos do espírito de Cristo, em comunhão com todos os irmãos. O Natal do nascimento e da busca ao verdadeiro amor e da fé em alcançá-lo!
Vera Purcina
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