Sobre a relação entre pais e filhos
- Vera Purcina

- 15 de jun. de 2019
- 2 min de leitura

Os pais querem ver seus filhos em segurança e felizes. Nenhum, deliberadamente, quer que fiquem amedrontados, desconfiados e imprudentes. Mas, durante o processo de crescimento, crianças adquirem características inesperadas, muitas vezes se tornando inadequadas, e não conseguem alcançar uma sensação de segurança e uma atitude de respeito por elas próprias e pelos outros. Os pais querem que sejam educadas e são rudes, que sejam autoconfiantes e são inseguras, que sejam autônomas e são dependentes...
São poucos pais, porém, que se dispõem a parar para compreender melhor a sua relação com os filhos. Geralmente, existe muita pressa para atingir metas, as quais eles próprios impõem a si mesmos e por isso considera-se perda de tempo rever os meios que se usa para atingir os fins, bem como examinar os próprios fins. Esse processo interno implica num retorno ao passado, ou seja, nas suas relações com seus próprios pais, para resignificarem o novo vínculo com seus filhos.
Toda revisão parece penosa, principalmente porque parece conter um conflito, o que nem sempre ocorre. Quando há disponibilidade interna e, principalmente, quando a pessoa não se apega a conclusões anteriores e pré-estabelecidas, pode perceber que esse processo é natural.
Os pais enfrentam problemas concretos que exigem soluções especificas. Não os ajudam os conselhos estereotipados tais como: -“Dê mais amor a seu filho.”, -“Mostre-se mais atento com ele.”, -“Ofereça-lhe mais tempo.”.
À primeira vista, pode até parecer mais fácil organizar os conhecimentos e conclusões em cápsulas utilizáveis nas muitas emergências do dia a dia. Mas, em se tratando do espírito humano, isso é muito ruim. A flexibilidade da mente exige renovação constante, assim como os relacionamentos interpessoais.
Enfim, quando existe disponibilidade interna de revisão e reflexão da realidade, o ensinar passa a ser também, simultaneamente, um modo de aprender.
Nesta complexa e vital relação entre os pais e seus filhos, o educar e o aprender são processos contínuos e permanentes, construídos dia a dia e por toda a vida.
Ousar rever e recomeçar a cada instante, talvez seja uma das grandes virtudes que os pais precisam aperfeiçoar.
Vera Purcina




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