O Transtorno de Conduta nas crianças
- Vera Purcina
- 25 de jun. de 2019
- 3 min de leitura
Atualizado: 30 de abr. de 2020

O Transtorno de Conduta é uma alteração mental ou comportamental muito frequente na infância. O quadro clínico é caracterizado por um comportamento antissocial persistente com a violação de normas sociais ou direitos individuais. Em seus casos mais extremos corresponde ao que os antigos chamavam de psicopatia.
Na criança com este transtorno existe uma falta de empatia, ou seja, ela não se importa com o outro, é egoísta. Pode provocar mal às pessoas e não se preocupar com o que elas venham a sentir física ou emocionalmente. Seu comportamento é perverso e agressivo.
É aquela criança que, quando pode roubar o brinquedo de alguém, vai lá e rouba. Aquela que bate ou morde os amigos, mas que faz de modo que ninguém veja. Manipula os adultos, pois normalmente, é muito sedutora e consegue transformar a situação a seu favor. Geralmente é muito inteligente.
O Transtorno de Conduta pode estar ligado a fatores sociais e genéticos (biologicamente é como uma falha nos circuitos cerebrais). E pode-se fazer o diagnóstico a partir dos cinco anos de idade porque as áreas do cérebro ligadas ao comportamento inibitório se desenvolvem a partir dessa idade. Depois disso, a criança já sabe o que é errado e certo. Ela sabe que, se machucar alguém, esse alguém vai sentir dor. Já consegue se colocar no lugar do outro e tem a capacidade de inibir seu comportamento quando percebe que vai fazer mal a alguém.
Quanto mais precoce for o diagnóstico, melhor. Distinguir se aquela atitude da criança trata-se de uma desobediência ocasional ou se é um caso mais sério do que uma simples birra.
Nos casos das crianças com transtorno de conduta não há medicação nenhuma que mostre resultados. Os casos são bastante variados e, geralmente, o tratamento medicamentoso é indicado para aquelas crianças que apresentam outras comorbidades, como por exemplo, o TDAH ou a depressão.
Os tratamentos mais efetivos implicam em uma reestruturação familiar, ou seja, além da criança, os pais também devem iniciar uma psicoterapia familiar ou um tratamento com orientação psicológica.
A ideia não é ensinar a educar seu filho, mas mudar a dinâmica da família. Estas crianças precisam de intervenção firme e persistente.
Os pais não devem reforçar nenhum comportamento agressivo e não serem modelos de quaisquer atitudes de dissimulação, mentira ou sedução. Devem promover, nestas crianças, a compreensão de que os comportamentos positivos trazem benefícios muito maiores do que comportamentos negativos e obterem suporte para desenvolverem isso adequadamente.
Quando a criança tem uma família mais próxima, que a ajude a perceber que alguns atos são danosos aos outros é possível mudar seu comportamento. E quanto mais cedo, melhor!
Muito se tem comentado, atualmente, sobre a dificuldade crescente dos jovens de lidarem com limites, frustrações, perdas e fracassos. São tristes histórias de descontroles dentro das relações com os próprios familiares ou com os professores e/ou namorados e que acabam muito mal. Pode-se tomar conhecimento, através de olhadelas pelo jornal, de casos sérios envolvendo agressões físicas ou verbais seja no trânsito, em filas dos bancos ou mesmo entre vizinhos. Muitas pessoas que se deixam levar pelo impulso do momento.
Enquanto bebês, se os comportamentos são basicamente reflexos e impulsos, desde tenra idade se inicia a aprendizagem dos comportamentos mais adequados através das relações afetivas e amorosas. A educação que os pais e a família propiciam e a participação dos professores no decurso do desenvolvimento infantil é básica na formação da personalidade da criança. Seja quando atuam como modelos adequados de atitudes , seja na imposição da disciplina, dos hábitos e costumes, ou na vivência de um ambiente organizado, com regras, limites, direitos e deveres. Tudo é parte integrante na formação dos valores morais, éticos e sociais da criança, para torná-la civilizada e apta para viver em sociedade.
Portanto, é muito importante observar a criança desde pequena. Deve-se participar da sua vida, “sentir” sua forma de interação e de relacionamento interpessoal.
Perceber se ela está muito agressiva e não demonstra sentimentos de culpa ou arrependimento. Sentir se sua companhia é prazerosa, ou seja, se é divertido passar horas ao seu lado. Se ela sente pena daquele animal que se machucou. Se ela sente vontade de ajudar o amiguinho em dificuldades, se pensa no outro e lhe quer o bem.
E quando surgir alguma dúvida e não souber distinguir se há crueldade nos seus atos ou se seus comportamentos antissociais estão muito frequentes, se aquilo foi um furto ou uma mentira intencional ocasionada por algum interesse escuso, não hesite em procurar ajuda.
Converse com outros parentes e/ou amigos que também convivam com a criança, verifique se a professora também percebe algo. Procure profissionais especializados.
Esta é uma daquelas situações do tipo que se peca por “deixar passar”.
Quando os adultos responsáveis participam da vida da criança e tomam atitudes adequadas desde cedo, podem evitar que, no futuro, esse jovem seja mimado e descontrolado causador de sofrimentos alheios ou, pior, que tenha que passar por uma intervenção médica ou até mesmo por uma internação em uma instituição correcional.
Podem “cortar o mal pela raiz”.
E toda a sociedade agradecerá.
Vera Purcina
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